Assim como fizemos anteriormente com o ex-jogador e eterno ídolo Dalmo Gaspar, eu e meus amigos Alex Santos e Wesley Miranda com muita honra prestamos mais uma homenagem para um grande ídolo da história do Santos Futebol Clube, desta vez o homenageado foi Gylmar dos Santos Neves, que de forma excepcional gentilmente nos recebeu em vossa residência e nos permitiu vivenciar uma experiência emocional que jamais esqueceremos!
Goleiro extremamente vitorioso no Santos Futebol Clube e na seleção brasileira, Gylmar marcou época e foi sem dúvida um dos melhores goleiros da história do futebol mundial em todos os tempos.
Acompanhado por sua esposa, o eterno ídolo Gylmar recebeu das nossas mãos uma placa como forma de agradecimento por sua dedicação e por tudo que ele fez literalmente defendendo o Santos Futebol Clube.
Visivelmente emocionado, assim como todos que ali estavam, Gylmar chorou, mas como ressaltou sua esposa, foi um choro de alegria!
Para descontrair, contamos ao Gylmar sobre a visita que realizamos anteriormente ao Dalmo Gaspar, companheiro dele no grande Santos dos anos 60, meu amigo Alex Santos mostrou-lhe um vídeo que gravamos na casa do Dalmo e Gylmar sorriu demonstrando alegria ao ver as imagens.
Num momento posterior e ainda mais descontraído, o ídolo Gylmar nos permitiu utilizar um par de luvas que ele usou nos áureos tempos em que defendia a meta santista.
Gylmar ficou extremamente feliz com a nossa homenagem! Como forma de agradecimento, mesmo com as limitações físicas decorrentes de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) sofrido anos atrás, ele não mediu esforços para nos conceder autógrafos, algo que já não fazia há algum tempo, mesmo com certa dificuldade ele conseguiu e deixou todos surpresos, inclusive as pessoas que convivem diariamente com ele.
A ocorrência do AVC que Gylmar sofreu no ano 2000, teve como consequência a paralisação do lado direito do corpo, desde então ele faz uso de uma cadeira de rodas, tem dificuldade para falar, mas nunca perdeu a lucidez.
Antes de encerrarmos a visita, fiz questão de beijar uma das mãos milagrosas do ídolo Gylmar, foi um gesto de humildade, respeito, reverência e agradecimento pelas inúmeras defesas que ele praticou pelo nosso glorioso Santos Futebol Clube.
VÍDEO
Contém imagens da carreira de Gylmar e da homenagem que prestamos.
Gylmar dos Santos Neves, saiba mais…
Natural da cidade de Santos, Gilmar (com “i” como ficou conhecido no mundo da bola) dos Santos Neves, nasceu no dia 22 de agosto de 1930.
O jovem Gilmar iniciou sua trajetória no futebol em 1945, aos 15 anos de idade, no antigo Hespanha, atual Jabaquara, clube localizado no bairro em que Gilmar residia, o Jabaquara. Em 1949, aos 19 anos, após o término de sua prestação militar onde atendia como “Cabo Neves”, tornou-se titular do Hespanha.
Em 1951, após uma inusitada negociação Gilmar transferiu-se para o Corinthians, onde permaneceu até 1961. Em meio a este período, Gilmar foi convocado em 1953 pela primeira vez para defender a seleção brasileira, porém, uma contusão impediu o técnico da seleção, Zezé Moreira, convocar Gilmar para aquela que poderia ter sido sua primeira Copa do Mundo, na Suiça em 1954.
Mais adiante Gilmar conquistou a chance de defender a meta brasileira na Copa do Mundo realizada na Suécia em 1958, convocado pelo então técnico Vicente Feola. Aos 28 anos, Gilmar debutava em mundiais ao lado de grandes jogadores. A seleção fez uma bela campanha, a grande decisão foi contra os suecos, donos da casa, o Brasil de Gilmar não decepcionou, venceu por 5 x 2 e conquistou o primeiro título mundial de sua história.
A Copa de 1958 mostrou além do título brasileiro, o surgimento do melhor jogador de todos os tempos – Pelé -, mas ela serviu também para mostrar ao mundo o melhor goleiro brasileiro de todos os tempos: Gilmar. Reverenciado e escolhido por todos – inclusive pela lenda Lev Yashin, o “Aranha Negra”, como o melhor goleiro da Copa de 1958 na Suécia.
Uma imagem que certamente ficou eternizada após a conquista do mundial foi o emocionado Gilmar ainda no gramado, após a vitória contra a Suécia, abraçado ao então garoto Pelé que estava em prantos de alegria.
No retorno ao Brasil, Gilmar e os demais jogadores desembarcaram no Rio de Janeiro acompanhados de quatro aviões da FAB. Em seguida, rumaram ao Palácio do Catete, onde receberam das mãos do Presidente da República Juscelino Kubitschek, medalhas de honra ao mérito.
Gilmar, unanimidade perante a meta brasileira, continuou titular absoluto da seleção e, em 1962, na Copa do Chile, comanda por Aymoré Moreira, disputou o segundo mundial consecutivo de sua carreira, sagrando-se bicampeão mundial.
As vésperas de completar 36 anos de idade, Gilmar participou de seu terceiro e último mundial, em 1966, na Inglaterra. Dessa vez, porém, a seleção canarinho não obteve êxito.
No mesmo ano da fatídica Copa da Inglaterra, Gilmar, extremamente disciplinado e leal, recebeu o troféu Belfort Duarte (prêmio inspirado no jogador maranhense João Evangelista Belfort Duarte, campeão carioca pelo América em 1913, considerado um ícone da lealdade e disciplina dentro de campo. O troféu era conferido aos atletas mais disciplinados).
Três anos mais tarde, em 1969, aos 39 anos de idade, Gilmar despedia-se da seleção brasileira no amistoso realizado contra seleção da Inglaterra, no Maracanã, no dia 12 de junho de 1969. O Brasil venceu por 2 x 1. O goleiro aposentava a camisa canarinho em meio ao auge da ditadura militar brasileira do general Médici. Em 16 anos na meta brasileira, Gilmar atuou 103 partidas, sofrendo 104 gols, conquistando os seguintes títulos:
– Copa do Mundo: 1958 e 62.
– Copa Oswaldo Cruz: 1955, 58, 61 62 e 68.
– Copa Roca: 1957, 60 e 63.
– Copa O´Higgins: 1959 e 60.
– Copa do Atlântico: 1960.
A história de Gilmar no gol da seleção brasileira foi realmente espetacular. Contudo, o retorno ao Corinthians, após a Copa da Suécia em 1958, não foi o que realmente o “Girafa” (apelido de Gilmar) esperava. Sofrendo pelo envelhecimento do time e com o engradecimento dos adversários paulistas diretos, principalmente o Santos de Pelé, culminando com a fila de títulos que já começava a incomodar, começou a ruir a carreira de Gilmar no clube. A gota d´água aconteceu em julho de 1961, em uma briga com o presidente do clube Wadih Helou. Gilmar, acabou tendo o seu passe vendido ao Santos.
Na Vila Belmiro, Gilmar conquistou muito mais glórias e reconhecimento, sendo aclamado como o grande guardião da história do Peixe. O já forte Santos do Rei Pelé, com a chegada de Gilmar, tornou-se ainda mais forte. Ele era o goleiro espetacular para uma equipe espetacular. No clube, conquistou todos os títulos imagináveis.
Jogou contra o Corinthians pela primeira vez, no dia 23 de setembro de 1962 pelo Campeonato Paulista, na Vila Belmiro. O Corinthians, na época grande freguês santista, como se esperava foi goleado, na ocasião por 5 x 2. Vestindo a camisa santista, entre os anos de 1962 a 1969, enfrentou seu ex-time Corinthians onze vezes, venceu dez e empatou uma, sofreu 16 gols e viu sua equipe balançar as redes corinthianas 35 vezes.
Entre as inúmeras conquistas de Gilmar com a camisa do Santos, as mais importantes foram o bicampeonato da Taça Libertadores da América e do mundial interclubes em 1962 e 1963.
Em 1969, mesmo ano em que se aposentou da seleção brasileira, Gilmar também se aposentou definitivamente dos gramados, encerrando no Santos a vitoriosa carreira de muitos títulos, fato que lhe rendeu uma conquista pessoal, sendo o goleiro mais vezes campeão do futebol brasileiro de todos os tempos.
O goleiro encerrou sua vida profissional no futebol, mas estava longe de encerrar a liderança exercida em vinte anos de carreira. Logo após sua despedida dos gramados, Gilmar foi convidado para presidir o Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, cargo em que permaneceu até meados de 1971. Em 1982, após um logo hiato de onze anos que o separou da vida futebolística, atuando como comerciante de automóveis, voltou atuar na seleção brasileira, dessa vez como supervisor técnico ao lado do treinador Carlos Alberto Parreira, com a difícil missão de renovar a seleção duramente eliminada na Copa da Espanha em 82. Permaneceu no cargo até 1984. Voltou a atuar como dirigente esportivo somente em 2000, porém, em um cargo público como secretário de esportes da Prefeitura de São Paulo, precisando afastar-se, infelizmente, devido a um AVC ocorrido no dia 16 de Junho de 2000, que o deixou internado na UTI, às vésperas de completar 70 anos de idade. Felizmente, o guardião santista sobreviveu. No entanto, hoje vive com parte do corpo paralisado.
Com sua calma, técnica, frieza e liderança, Gilmar foi sinônimo de confiança à frente do lendário gol santista. Em sete anos de clube, manteve tranquilos os zagueiros que com ele jogavam, pois sabiam que a única posição do time que jamais poderia falhar estava guarnecida com o melhor goleiro brasileiro de todos os tempos. Gilmar, sem a menor sombra de dúvidas, foi o goleiro à altura real da grandeza da equipe do Santos.
Gilmar dos Santos Neves, que com a camisa do Santos, conquistou as maiores glórias possíveis na vida de um jogador de futebol, provou que é possível nascer grama onde pisa um goleiro, desde que o goleiro seja ele, é claro.
Referência Bibliográfica:
Grandes Ídolos do Santos / Martinez, André / Ícone Editora / 2011
Títulos que Gilmar conquistou no Santos Futebol Clube:
– Campeão Mundial (1962/1963);
– Campeão da Libertadores da América (1962/1963);
– Campeão Brasileiro (1962/1963/1964/1965/1968);
– Campeão Torneio Rio-São Paulo (1963/1964/1966);
– Campeão Paulista (1962/1964/1965/1967/1968);
– Campeão Recopa Sul-Americana (1968);
– Campeão Recopa Mundial (1968).
Fonte: Santos Futebol Clube
Assista também:
Em suma, eu jamais esquecerei deste dia que tivemos com o eterno ídolo Gylmar, foi emocionante, tenho certeza que este é também o sentimento dos meus amigos Alex Santos e Wesley Miranda.
Antes de terminar o post, registro um agradecimento especial ao Marcelo Neves (filho de Gylmar) e Sra Rachel Neves (esposa do Gylmar), pois ambos foram fundamentais na viabilização da homenagem prestada ao eterno ídolo Gylmar dos Santos Neves, muito obrigado!