Assim não há Neymar que aguente

O texto que segue abaixo reproduzido no Blog DNA Santástico foi extraído de coluna originalmente publicada no site Ribeirão Preto Online.

O autor é o jornalista e ex-narrador esportivo Sr. Flávio Araújo, amigo que tive a honra de conhecer pessoalmente lá em Águas de Santa Bárbara, cidade na qual meus pais residem.

Flavio Araujo - Blog DNA Santastico
Sr. Flávio Araújo

Sou fã do Sr. Flávio Araújo e dos seus textos, bem como também sou fã e me preocupo com o craque Neymar. Desejando que o jogador permaneça para sempre no Santos Futebol Clube, ainda assim creio que vale muito a pena uma reflexão sobre o que escreveu o experiente jornalista:

ASSIM NÃO HÁ NEYMAR QUE AGUENTE

Nunca houve no futebol brasileiro jogador que estivesse tão na boca do povo e do mundo futebolístico que conjuga cronistas, dirigentes, enfim todo um imenso conglomerado opinando sobre os passos de Neymar.

Praticamente todos julgando-se no direito de apontar caminhos para o atleta e com a grande maioria opinando sobre a necessidade do mesmo ir jogar na Europa para aprimorar-se.

Creio que em matéria de dirigentes só o pessoal do Santos quer que ele por aqui permaneça, mas também no seu próprio reduto existem aqueles que consideram ter sido errada a política ousada do presidente do clube segurando-o por mais tempo mesmo correndo o risco de vê-lo sair no ano próximo sem deixar nenhum retorno financeiro.

Essa atitude foi corajosa, mas temerária.

Tenho opinião a respeito e não vou deixar de expressá-la já que não considero que Neymar tenha adquirido sua plenitude e que para tal alcançar não é a Europa o caminho de mão única desejável.

Verdade mesmo é que as próprias características intrínsecas do futebol da Europa hoje tenham apenas laivos daquilo que era sua qualidade essencial.

Para o bem ou para o mal.

O futebol tipicamente europeu não existe mais, hoje é realmente uma geleia geral e a presença de estrangeiros de todas as partes do planeta influíram decisivamente para que as equipes fugissem de padrões naturais e mesmo quando as seleções se reúnem com os filhos da Pátria essa influência se faz sentir.

Se não com a intensidade existente nos clubes pelo menos com aquilo que muitos jogadores nascidos na Europa costumam assimilar no seu contato com importados que defendem suas equipes.

Há, porém, um lado que não se modificou e que funciona como uma espécie de máquina de triturar atletas.

É possível que a deslealdade não campeie nos gramados europeus de forma tão intensa como a que vemos, por exemplo, em jogos da Copa Libertadores da América, mas o jogo de contato físico e de choques violentos continua destruindo músculos com maior intensidade por lá.

São raras as exceções dos que voltam hígidos em seu físico depois de longas temporadas europeias.

O normal é que nos processos de adaptação os orientadores das equipes europeias pensem primeiro na necessidade de dar massa muscular aos seus atletas e isso tira dos mesmos, principalmente dos sul-americanos, suas características mais evidentes.

Ai está e não é necessário citar nomes o número elevado de jogadores que voltam da Europa mesmo ainda na fase da juventude estropiados fisicamente.

Tenho minhas dúvidas quanto ao possível sucesso de Lucas no futebol europeu e até muito mais de Neymar.

Nesse campo Messi é uma exceção e notem também que mesmo sendo muito difícil tomar-lhe a bola o melhor do mundo sabe desviar-se dos choques quando dispara ziguezagueando derivando de uma das extremas para o meio até encontrar ângulo para sua potente perna esquerda.

Que nunca tentando o enfrentamento pessoal e o drible curtíssimo que são armas de Neymar, principalmente quando atua na Vila Belmiro e diante de marcadores menos qualificados.

Não falo dos vícios futebolísticos da estrela santista, de sua busca incessante pelo choque teatral pelo espetáculo que provoca nas suas constantes simulações, algo que a Europa não aceita e ponto.

Messi, mesmo quando atingido luta ao máximo para manter-se em pé e quando não consegue não reclama, mas se pode vai em frente e sua meta é o gol enquanto que em Neymar é ainda o espetáculo que agrada acima de tudo a si próprio.

Para começar, ao descer no aeroporto de Barcelona, de Londres ou de Munique já haverá alguém esperando com a orientação de que primeiro será necessário dar-lhe massa muscular.

À sua primeira tentativa de cavar uma falta haverá um ohhhhh na torcida e aquelas vaias que recebeu em Londres se transformarão em rotina que o obrigarão a mudar de estilo ou fracassar.

Ai, se mudar, já não será o Neymar, a exemplo de Robinho que não é mais aquele garoto que entortava grandes zagueiros quando no Brasil e que na Europa nem busca mais as fintas esfuziantes que eram seu atributo principal e que o fizeram sonhar em ser o melhor do mundo em sua escalada europeia.

Pode até ter se tornado um milionário e se esse era seu fanal, tudo bem, mas melhor do mundo, jamais.

Uma última observação sobre Neymar: por mais saudável que seja e mesmo que seu físico fosse mais avantajado Neymar não vai suportar a vida que leva.

Neymar Cansado - Blog DNA Santastico

Seus compromissos com o futebol já estão se tornando algo secundário, começa a chegar atrasado em treinos, cumpre jornadas de eventos sociais e publicitários obrigatórios e se não os tem busca nas baladas um complemento inaceitável na vida de um atleta.

É preciso que ele esteja bem consciente: se é esta vida que mais lhe agrada tira da cabeça a ideia de ir jogar na Europa.

Por lá, atleta é atleta e tem que levar vida de atleta.

O que positivamente Neymar não está fazendo.

(Flávio Araújo)


Saiba mais sobre Flávio Araújo

Flávio Araújo, nasceu na cidade paulista de Presidente Prudente, lá iniciou sua carreira no rádio em 1950.

Depois militou no rádio esportivo e na imprensa esportiva da cidade de São Paulo cerca de 30 anos.

Trabalhou de 1957 até 1982 na Rádio Bandeirantes, onde se consagrou um maravilhoso narrador esportivo.

Flávio Araújo em 1960 narrando pela Rádio Bandeirantes, em Cáli, na Colômbia.

Encerrou suas atividades na cidade de São Paulo em 1986 na Fundação Cásper Líbero como Superintendente de Esportes da Rádio e TV Gazeta, nos tempos do saudoso Constantino Cury no comando do tradicional grupo de comunicação da Avenida Paulista.

Posteriormente trabalhou por mais 10 anos como comentarista esportivo na Rádio Central de Campinas-SP (de propriedade do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia).

Flávio Araújo também foi co-proprietário da Rádio Cultura-AM de Poços de Caldas-MG.

A narração do milésimo gol do Rei Pelé escolhida pelos produtores do filme Pelé Eterno para integrar a obra é de Flávio Araújo.  Aliás, segundo Milton Neves, Flávio Araújo foi o locutor que mais narrou jogos do glorioso Santos Futebol Clube e gols do Rei Pelé.

Flávio Araújo e Milton Neves em 2001.

Ao longo de sua brilhante carreira transmitiu tudo sobre futebol, boxe, basquete e automobilismo.

Atualmente Flávio Araújo reside numa bela e tranquila cidade do interior paulista, onde ainda milita com histórias do futebol escrevendo colunas para sites e jornais.

Vale a pena conferir abaixo entrevista concedida, em 2009, por Flávio Araújo para André York do Programa Arremate Final. Contém áudios espetaculares de narrações de Flávio Araújo.

Bom, é isso aí! O Blog DNA Santástico, na figura de seu mantenedor Edmar Junior, agradece ao Sr. Flávio Araújo pela autorização para publicação de vossos textos no blog e parabeniza-lhe pelos excelentes serviços prestados ao esporte ao longo de toda sua trajetória.

Banner Magazine DNA Santastico


Assinatura-Edmar-Junior-DNA-Santastico-Santos-Futebol-Clube


error: Conteúdo Protegido!