No já longínquo ano 1987, especificamente dia 19 de Abril, um Domingo de Páscoa, eu estava passando o final de semana no município Praia Grande com minha família. Após almoçarmos comentei com meu Pai sobre o jogo que ocorreria logo mais, naquela tarde o glorioso Santos Futebol Clube receberia no estádio Urbano Caldeira – Vila Belmiro o São Paulo Futebol Clube, na época o então campeão brasileiro. Pedi para meu pai me levar lá, mas naquele momento ele só queria saber de sua tradicional siesta, insisti um pouco e ele então decidiu me levar, eu nunca havia ido num estádio e a primeira vez não poderia ser melhor, conhecer o templo sagrado do futebol e ver o Santos jogar in loco era simplesmente a realização de um sonho.
Na minha mente ainda guardo imagens daquela tarde na Vila Belmiro, lembro-me que entramos no estádio e arrumamos um espremido lugarzinho junto ao alambrado da arquibancada superior, local atualmente destinado aos sócios do clube e denominado como retão. A arquibancada onde hoje fica a torcida organizada Sangue Jovem pertencia a Sangue Santista. A arquibancada que hoje esta ao lado da Sangue Jovem e normalmente destinada a torcida de times visitantes não existia. A Vila Belmiro estava lotada, naquela época eram permitidas as bandeiras com mastro e todas elas tremulando revelavam um espetáculo lindíssimo.
Se existia alguma dúvida sobre a existência de coelhinho da páscoa, para a torcida do Santos naquela tarde ele atendia por Mílton da Cunha Mendonça e vestia a camisa 10 que outrora havia sido do Rei Pelé. Os times realizaram um eletrizante clássico, Mendonça marcou dois gols na vitória de 3 x 2 do Santos sobre o São Paulo, foram ovos do mais fino chocolate: com um jogador a menos o Peixe derrubou, de virada, o último invicto daquele campeonato paulista.
Foi um jogo emocionante, aos 42 minutos do segundo tempo tudo caminhava para um empate, quando Mendonça, ágil como um coelho, surgiu na área tricolor para decretar o triunfo santista.
“Vimos um jogo sensacional e, se tivéssemos empatado ou perdido, eu diria a mesma coisa” exultava o técnico do Santos, Candinho. (Revista Placar N° 882 ABR. / 1987).
Carregado de prêmios, Mendonça o herói do dia dava suas explicações: “Fiquei revoltado com a expulsão de De Léon, e nisso encontrei forças para me desdobrar em campo. (Revista Placar N° 882 ABR. / 1987).
“Vibrei mesmo, porque queria agitar a galera”, contou Mendonça sobre sua explosão de alegria após seu segundo gol na partida e terceiro do Santos, que decretou a vitória do alvinegro praiano. (Revista Placar N° 882 ABR. / 1987).
Nada emocionado estava o técnico Pepe, do São Paulo – um velho conhecido e / ou conhecedor da Vila Belmiro. “Time como o nosso jamais pode tomar três gols num único jogo”. (Revista Placar N° 882 ABR. / 1987).
Durante o trabalho de pesquisa e coleta de material, além do que eu já tinha, para escrever este post, tive a felicidade de encontrar na Internet um vídeo que precisou apenas de uma pequena edição da minha parte para cortar imagens fora do contexto, foi um verdadeiro achado, o vídeo apresenta os gols da partida e transmite muito bem as emoções que foram vivenciadas nesta brilhante vitória do glorioso Santos Futebol Clube. Confira abaixo:
Em suma, minha primeira vez na Vila Belmiro naquele Domingo de Páscoa é algo que guardo no meu coração e na minha mente. Conhecer o local onde jogaram tantos craques, o Rei do Futebol e ver o Santos Futebol Clube conquistar uma grande vitória foi uma experiência que JAMAIS ESQUECEREI!
Agradeço ao meu Pai, do qual eu já havia herdado o DNA Santástico, por ter me levado pela primeira vez ao templo sagrado do futebol, a Vila mais famosa do mundo, o nosso alçapão, a nossa amada Vila Belmiro!
Em pé: Rodolfo Rodriguez, Nildo, Raul, Toninho Carlos e Claudinho.
Sentados: Osmarzinho, Osvaldo, Chicão, Cesar Sampaio, Mendonça e Eder.
“A Vila é o nosso templo sagrado. Ela está para o santista como Meca para os muçulmanos, Jerusalém para os judeus e o Vaticano para os católicos.”
Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro